Sobre testemunhos ☺️

São várias as pessoas que me perguntam porque o faço (estes testemunhos), ou como tenho coragem para o fazer. Nunca tive qualquer problema em falar sobre a minha doença ou sobre tudo o que tenho atravessado pelo caminho, bem pelo contrário. Confesso que quando me convidam a partilhar o meu testemunho, a minha primeira reação é logo “Eishhhh, nem pensar…”. Sou tímida demais. Mas depois, sei que a minha experiência de vida pode ajudar outros a encontrar uma luz. Por vezes, é tudo o que precisamos, encontrar uma luz ao fundo do túnel, uma força, uma inspiração e manter a esperança viva. E pronto, lá arranjo coragem e sigo em frente. Sobre segunda-feira, dia 3 de abril, na SIC.

Podem ver a entrevista aqui:

https://sic.pt/programas/casafeliz/sempre-escolhi-atravessar-esta-situacao-de-sorriso-sonia-e-insuficiente-renal-desde-os-5-anos/

Diz que hoje é dia (ou noite)

Quarta-feira, são neste momento 23h50. Ainda estamos acordados á conversa, falta pouco para desligarem as luzes. Hoje foi dia de análises mensais, aquele dia em que pensamos “Ups, não devia ter comido aquela salada” ou “Ups não devia ter comido aquelas favas com chouriço ” … Por aqui, todas as primeiras quartas-feiras do mês são o dia do “UPS” 😁

Bem… Vou mas é dormir e sonhar com a melancia que me espera no frigorífico…. Diz que o dia de análises já passou. 😁

Segundas, quartas e sextas

Noites de diálise… Todas as segundas, quartas e sextas lá estou. Hoje é dia. A vontade é pouca ou nenhuma, mas tem de ser… Diz que estar vivo dá um certo jeito. Vamos lá limpar os estragos do fim-de-semana! ❤️ 😅

Noite de Segunda-feira

Olá outra vez / Hello again

Os dias passam e eu, a mesma totó de sempre, não escrevo e a verdade é que penso nisso várias vezes ao dia, mas escrever o que vai nesta cabeça… nada!

Gostava de dizer que está tudo maravilhoso, arco-íris, unicórnios, gatinhos bebés e essas coisas fofas, mas a verdade é que… está tudo meh! Mais ou menos bem, mais ou menos meh.

Como todos sabemos 2020 foi uma bela M**** e 2021 não está a ser muito melhor, vá está um pouco melhor… Uma pessoa às tantas só lhe apetece gritar uns palavrões jeitosos, tomar banho em água e sal, ou álcool, ou mesmo lixívia para termos a certeza que matamos o bicho. Anda tudo louco!

Nem vou comentar sobre a malta negacionista porque… porque uma pessoa tem de poupar neurónios e isto de ficção é bom é em filmes ou séries… ou mesmo novelas, para quem goste.

Por falar em séries, deixo a dica:

Tenho a agradecer ao pedrotochas.com pela dica! Bom mas bom!

“Ted Lasso” foi das melhores séries que vi nos últimos tempos. Tão bom, estava mesmo a precisar de algo assim! ❤️

Voltando ao tema do bicho… O início desta pandemia foi para lá de assustadora para mim e para tantas outras pessoas na mesma situação que eu.

Atualmente faço hemodiálise nocturna. São 6h de tratamento e felizmente passo a maior parte do tempo a dormir.

Enquanto pediam a todos para ficar em casa, nós éramos obrigados a sair.

Não temos opção. Precisamos de fazer o tratamento três vezes por semana, sem falta, afinal é ele que nos permite viver.

Vimos de perto toda a incerteza e medo. Vimos de perto as caras cansadas, marcadas, por vezes assustadas, dos “nossos” enfermeiros, médicos, auxiliares, bombeiros e tantos outros, que assim como nós, eram obrigados a sair… e no caso deles, para cuidar de quem tanto precisava.

Foi muito duro não poder estar com a minha família. Via os meus pais de longe, sempre com muito medo de lhes transmitir o raio do vírus. Perdi familiares e não me foi permitido despedir deles.

Todos nós passámos por momentos difíceis nestes últimos tempos. A nossa saúde mental sofreu muito no processo.

Este ano faz precisamente 13 anos que perdi o meu rim transplantado, doado pelo meu pai. Faz 13 anos que, sem outra opção, voltei à diálise. Foi sem dúvida, uma das alturas mais difíceis que já vivi.

Acho que se pode dizer que os últimos 13 anos foram bastante… intensos.

A lista é enorme… Síndrome hemolítico urémico, hemodiálise, diálise peritoneal, cancro na tiróide, cancro de intestino, recidiva do cancro de intestino, radioterapia, perda de audição, falta de acessos para hemodiálise, ruptura de um acesso de hemodiálise, que nunca chegou a ser usado, na madrugada de 24 de dezembro de 2013… e ao qual sobrevivi, por pouco… Acreditem que a lista não fica por aqui.

Estes últimos anos têm sido difíceis, mas também houve coisas boas, muito boas. Tão boas que se vão sobrepondo às coisas más e que merecem um post só para elas.

Me aguardem! 😁

Pequenas coisas que nos fazem bem!